
Dadaab foi construído em 1991, quando estourou a guerra civil na
vizinha Somália, após a queda do ditador Mohamed Siad Barre. Com um
complexo de três campos: Dagahaley, Ifo e Hagadera – podendo cada um
abrigar 30 mil pessoas. A previsão era que o campo fosse provisório, servisse
de acampamento para aqueles que sofriam e fugiam, e que assim que o
conflito terminasse pudessem retornar para suas casas. Ou pelo menos era
esse o objetivo da Organização das Nações Unidas (ONU), que montou o
campo com a aprovação do governo do Quênia. Mas 20 anos se passaram
e o fluxo de pessoas carentes só aumentou. Projetado para abrigar até 90
mil moradores, está lotado. O número vem crescendo nos últimos meses,
pesquisas mostram que se encontram aproximadamente 380 mil moradores
em Dadaab, e a cada dia ao menos 800 pessoas batem nas portas a procura
de abrigo.
Um dos agravantes em relação à quantidade de pessoas que chegam a cada
dia tem sido a grande seca no Chifre da África, que tem sido a pior nos últimos
60 anos. Os que conseguem chegar até o portão do campo, são cadastrados e
avaliados por um médico, recebem uma cesta básica para usufruírem no mês.
O grande problema é conseguir um teto uma vez que se está lá dentro, já que
desde que foi declarado lotado, a entrega de barracas foi extinta. Tendo que
improvisar suas próprias casas.
Uma das possíveis soluções seria estabelecer a paz na Somália, o que
seria de extrema dificuldade para o Quênia fazer sozinho. Dificuldades de
providenciar alimentos e lutas entre tribos pelo poder são focos principais. Uma
das tribos principal é a Al-Shabaab, que mantém ligação com a Al-Kaeda e
controla parte do sul da Somália, e proíbem o trabalho de qualquer agência
humanitária.
Países europeus, dos EUA e da Ásia arrecadaram 24 milhões em
aproximadamente um mês para ajudar nesta crise atual. Mas no ano passado o
Quênia suspendeu uma possível extensão em um dos campos (Ifo2), alegando
motivos de segurança. Mas com a atual crise se viu obrigado e pressionado a
fazê-lo, onde desde então estão sendo realocados 30 mil refugiados.
Sem cidadania reconhecida, o povo queniano não pode deixar o campo sem
permissão. Estão carentes e sofrem com esse conflito que se perdura por duas
décadas. Sedentos por aprendizado, mas desesperançosos, pois não podem
trabalhar sem ter a cidadania. O governo teme que o campo acabe se tornando
um assentamento definitivo, e a população que conta com o campo teme que
novamente não tenham para onde ir.
Por: Thayná Monick

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