A crescente população mundial e o consumismo ameaçam a saúde do planeta, alerta a organização ambientalista Fundo Mundial para a Natureza (WWF), que divulgou relatório sobre a saúde da Terra. A demanda por recursos naturais se tornou insustentável e exerce uma pressão "tremenda" sobre a biodiversidade do planeta, destaca a organização. A pesquisa citou o Qatar como o país com o maior desempenho ecológico, seguido do Kuwait e dos Emirados Árabes Unidos.
Dinamarca e Estados Unidos completam o ranking dos cinco primeiros, segundo cálculo com base na comparação de fontes renováveis consumidas contra a capacidade de regeneração do planeta. Foram levados em consideração nesta pontuação a área construída (urbanizada), a pesca, o uso das florestas, pecuária, emissões e área de cultivo. O Brasil, segundo o ranking do WWF, está na 56º posição, com um desempenho ecológico de 2,9 hectares globais por habitante, bem próximos à média mundial, que é 2,7 hectares globais por habitante.
De acordo com o estudo, "se todos vivessem como um morador típico dos EUA seriam necessários quatro planetas Terra para regenerar a demanda anual da humanidade imposta à natureza". O WWF afirma ainda que “se a humanidade vivesse como um habitante comum da Indonésia, apenas 2/3 da biocapacidade do planeta seriam consumidos”.
O relatório "Planeta Vivo" revelou que países de alta renda têm um desenvolvimento ecológico em média cinco vezes maior do que a de países de baixa renda. Segundo a pesquisa, a pegada ecológica dobrou de tamanho em todo o planeta desde 1966.
"Estamos vivendo como se tivéssemos um planeta extra à nossa disposição", disse Jim Leape, diretor-geral do WWF Internacional. "Estamos usando 50% mais recursos do que a Terra pode produzir de forma sustentável e a menos que mudemos o curso, este número crescerá rápido. Em 2030, mesmo dois planetas não serão suficientes", acrescentou.
A pesquisa, compilada a cada dois anos, reportou uma redução média de 30% na biodiversidade desde 1970, chegando a 60% nas regiões tropicais, duramente afetadas. O declínio foi mais rápido em países de baixa renda, "demonstrando como os países mais pobres e vulneráveis subsidiam o estilo de vida dos países mais ricos", destacou o WWF.
Em todo o mundo, cerca de 13 milhões de hectares de florestas foram perdidos por ano entre 2000 e 2010. "Uma demanda sempre ascendente por recursos de parte de uma população crescente põe uma enorme pressão sobre a biodiversidade do nosso planeta e ameaça nossa segurança, saúde e bem-estar futuros", informou o organismo.
O relatório é publicado às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, a quarta maior cúpula sobre o tema desde 1972, e que será celebrada em junho no Rio de Janeiro.
Segundo a ONU, cerca de cem líderes mundiais estarão presentes no Brasil, com o objetivo de determinar o caminho rumo a uma economia que possa equilibrar crescimento econômico, erradicação da pobreza e proteção ao meio ambiente.
O WWF quer ver sistemas de produção mais eficientes que possam reduzir a demanda humana por terra, água e energia e uma mudança na política governamental que medisse o sucesso de um país para além do Produto Interno Bruto (PIB).
Mas o enfoque imediato precisa estar na redução drástica da pegada ecológica dos países de alta renda, particularmente sua pegada de carbono, destacou o WWF. "A Rio+20 pode e deve ser o momento de os governos estabelecerem um novo curso rumo à sustentabilidade", disse Leape.
"Este relatório é como um check-up planetário e os resultados indicam que temos um planeta muito doente", alertou Jonathan Baillie, diretor do programa de conservação da Sociedade Zoológica de Londres, que coproduziu o relatório, em conjunto com a organização Global Footprint Network, que elabora a pegada ecológica.
Por: Arthur Oliveira.
Fonte: G1.

0 comentários:
Postar um comentário