Os olhos dos economistas, desde o inicio do mês de março, estão voltados para os Estados Unidos. Isso porque, no dia primeiro de março, aconteceu o tão debatido Sequestration Day, que consiste no corte automático e bilionário dos gastos públicos da economia estadunidense.
A ideia do “sequestro” dos gastos públicos surgiu em 1985, durante a administração do presidente Reagan, objetivando uma redução do déficit originado pelos gastos exorbitantes do presidente na área de defesa. A lei Gramm-Rudman-Hollings, que tratava do corte emergencial dos gastos federais, foi aprovada em 1985, mas não funcionou e entrou no esquecimento por longas décadas. Até que, em 2011, durante a recessão, os republicanos exigiram uma redução dos gastos americanos (em especial na área da saúde), ameaçando não aprovar o aumento do teto da dívida. Após meses de negociação, os republicanos concordaram com o aumento do teto da dívida – evitando um colapso econômico – mas, em troca, apresentaram um plano que relatava quais cortes deveriam, em longo prazo, ser feitos nos gastos orçamentários. Assim, a ideia do sequestro dos gastos públicos saiu do esquecimento, sendo utilizada como válvula de escape pela Casa Branca, para garantir que, se um acordo entre republicanos e democratas sobre cortes governamentais não fosse alcançado, no dia 1° de janeiro de 2013, cortes imediatos na área de defesa e na área de economia doméstica seriam feitos. O acordo bipartidário não foi alcançado e, por meses, a ameaça dos cortes automáticos (que, a principio, era de US $1.2 trilhões) levou economistas, políticos e grande parte da população americana ao desespero. Mas por que ameaça? Porque o abismo fiscal que rondou a eleição presidencial no final do ano passado adiou o processo até o dia primeiro desse mês.
O presidente Barack Obama propôs um corte de mais de um trilhão nos gastos e uma nova receita de 700 bilhões aos membros do congresso. Mais uma vez, os republicanos recusaram, porque a nova receita teria sua origem no maior número de impostos aos ricos. É esse o impasse: democratas não concordam com um corte de gastos absoluto; e os republicanos não vão aceitar um acordo que consista no corte de gastos e no aumento de impostos (para gerar receita).
Em suma, um pacote de redução na faixa de 85 bilhões de dólares dos gastos públicos foi assinado pelo presidente americano no dia 1 de março. O Fundo Monetário Internacional afirmou que a falta de acordo entre os partidos e o pacote de cortes emergenciais nos gastos prejudicará não só a recuperação lenta da economia americana, mas também todos os parceiros comerciais dos EUA. Esse teatro de colapso econômico e político ainda não terminou, portanto, acompanhemos o desenrolar da história.
Por Laryssa Almeida. (Dia 11 de março de 2013, às 21h05)

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